LINGUÍSTICA II


De acordo com a teoria de Weinrich (apud KOCH, 2001, p.54), os tempos verbais determinam, por meio do modo de conjugação, características da atitude comunicativa do locutor como relato ou como comentário. Considerando esses estudos, leia o texto a seguir:

Os 30 graus de temperatura, multiplicados por uma umidade de 80%, não impediram que uma multidão assistisse à primeira missa do Papa Francisco no Equador, onde chegou na tarde de domingo e foi recebido pelo presidente Rafael Correa. “A família é o hospital mais próximo”, disse Bergoglio, “a primeira escola das crianças, o grupo de referência imprescindível para os jovens, o melhor asilo para os idosos”.

Então, o Papa alertou, em um trecho muito significativo no Equador, que “a família constitui a grande riqueza social que outras instituições não podem substituir”. Ninguém deixa de perceber que a visita do Papa, transformado em referência mundial, não só no aspecto religioso, reúne também um grande conteúdo político. Tanto o presidente da República do Equador como uma massa social cada vez mais inquieta por suas reformas esperam que [o Papa] Bergoglio defenda os seus interesses.

 

EL PAÍS. Papa Francisco defende justiça social diante de grande multidão no Equador. Disponível em: . Acesso em: 09 jul. 2015.

 

Com base nos estudos sobre os tempos verbais no que diz respeito ao mundo narrado e ao mundo comentado, analise as afirmativas a seguir.

 

I) No texto, é possível perceber que o autor narra como o Papa Francisco foi recebido, no Equador, pelo presidente Rafael Correa, inclusive mostrando a fala do Papa na ocasião (mundo narrado). Em seguida, o autor comenta sobre essa visita do Papa a esse país (mundo comentado).

II) Não há que se falar em diferença da relação de tensão e compromisso estabelecida pelo locutor no mundo narrado e no mundo comentado, uma vez que o único objetivo do autor é narrar os fatos, mostrando como o Papa Francisco foi recebido, no Equador, pelo presidente Rafael Correa.

III) No mundo narrado, a atitude do locutor é menos tensa, pois ele simplesmente relata os fatos sem ter que se comprometer em relação com o que é dito. Nesse relato, o autor apenas narra como foi a visita do Papa ao Equador, ou seja, não expõe sua opinião.

IV) No mundo comentado, o autor compromete-se mostrando o que pensa sobre a situação: a visita além de ser de conteúdo religioso, é de conteúdo político, pois o presidente do Equador e seus apoiadores esperam que o Papa os defenda. Assim, o comentário é mais tenso, pois o autor assume uma posição em relação ao que foi narrado.

 

São corretas as afirmativas contidas na alternativa:

 


I, II e III.


II, III e IV.


I, III e IV.


II e IV.


I, II e IV.

Segundo Ducrot, uma classe argumentativa é constituída de um conjunto de enunciados que podem igualmente servir de argumento para uma mesma conclusão ou posição (P). De outra forma, uma escala argumentativa ocorre quando dois ou mais enunciados apresentam gradação de força crescente no sentido dessa conclusão ou posição (P).

 

Agora, leia atentamente, o parágrafo a seguir:

 

“O curso de Letras da Universidade de Uberaba é um dos melhores. Os materiais e recursos didáticos são feitos com rigor científico e pedagógico, otimizando o processo de ensino-aprendizagem. Os alunos conseguem aprender e conquistar boas notas no Enade. A grande maioria passa em concurso público com excelente pontuação.”

 

Em relação ao parágrafo, pode-se afirmar que houve:

 


Classe argumentativa.


Ausência de sentidos argumentativos.


Escala argumentativa com conclusão/posição negada.


Classe e escala argumentativas nulas.


Escala argumentativa com gradação de força crescente.

Marque com A quando a coesão remissiva é ANAFÓRICA e com C quando é CATAFÓRICA. Considere a forma remissiva (em letras garrafais) e o elemento de referência ou referente textual (sublinhado).

 

(   ) “O homem subiu correndo os três lances de escadas. Lá em cima, ELE parou diante de uma porta e bateu furiosamente.”

(   ) “ELE era tão bom, o meu marido!”

(   ) “Ontem fui conhecer a nova casa de Alice. ELA é moderna e bem decorada.

(   ) “Joana vendeu a casa. Depois que seus pais morreram num acidente, ELA não quis continuar vivendo lá.”

(   ) As crianças estão viajando. ELAS só voltarão no final do mês. 


A sequência correta é:


C-A-A-C-C.


A-C-C-A-A.


C-C-A-A-A.


A-C-C-C-A.


A-C-A-A-A.

Observe as situações a seguir.

Situação 1 

Fonte: Acervo UNIUBE

Situação 2 

Fonte: Acervo UNIUBE

Com base nos estudos realizados sobre os mecanismos linguísticos de construção da referência, analise as afirmações a seguir.

 

I) Na situação 1, a forma remissiva “eles”, do 1º quadro, retoma um termo já expresso, no caso, “esses índios”. Trata-se de um exemplo de catáfora, já que o elemento catafórico “eles” vem depois do referente na superfície textual.

II) Na situação 1, a forma remissiva “eles”, do 1º quadro, retoma um termo já expresso, no caso, “esses índios”. Trata-se de um exemplo de anáfora, já que o elemento anafórico retoma uma entidade já mencionada do texto.

III) Ambas as situações são bons exemplos do processo de referenciação.

IV) Na situação 2, o dêitico “eu” só pode ser definido olhando-se para fora do enunciado, ou seja, aponta para a situação concreta de enunciação. O pronome de primeira pessoa situa-se na dimensão pragmática da linguagem e funciona como indicador do participante de um ato de fala: “eu” é o locutor, o militar.

V) Na situação 2, o elemento fórico “eu” só pode ser definido olhando-se para dentro do enunciado. O pronome de primeira pessoa situa-se na dimensão pragmática da linguagem e funciona como indicador do participante de um ato de fala: “eu” é o locutor, o militar.

São corretas APENAS as afirmações:


II, IV e V.


I, III e V.


II, III e V.


II, III e IV.


I, II e III.

No capítulo 2, “A tessitura dos textos orais e escritos: processos de referenciação”, você estudou o fenômeno da referenciação. Entre eles, temos a reiteração que pode ocorrer de diferentes formas. Com base nesse estudo e no conhecimento de mundo que possui, analise o trecho a seguir:

 

[...] Roberto já não é nem um garotinho, mas aguenta de pé duas horas de show. O roteiro é seguido sistematicamente. As piadas são as mesmas. Quem já foi a algum show sabe a história do percussionista que já foi guitarrista e começou a trabalhar como assistente, por exemplo. Mas a plateia não se importa. Roberto assume o papel de "comandante do coração" e emenda a música "Eu te amo", acompanhado por um coro dos fãs.

 

O show segue com os grandes clássicos. Antes de cantar "Detalhes", o Rei explica: "As poucas vezes que eu não cantei essa música em um show recebi muitas reclamações. Então decidi que vou tocá-la por toda minha vida." [...]

 

(VIANA, Bárbara Vieira. Roberto Carlos provoca plateia de show em navio: ‘Nunca fui inocente’. Ego Globo. Disponível em: http://ego.globo.com/musica/noticia/2015/02/roberto-carlos-provoca-plateia-de-show-em-navio-nunca-fui-inocente.html. Acesso em: 17 jul. 2015.)

 

Agora, avalie as afirmativas a seguir:

 

1. A expressão “Roberto” e a expressão “o Rei” constituem-se como uma relação de hiponímia, pois fazem parte da relação parte-todo.

2. As expressões “Roberto” são elementos de reiteração, uma vez que repetem o mesmo item lexical e contribuem com a progressão textual.

3. A expressão “o Rei” é um elemento de reiteração, uma vez que se constitui como expressão nominal definida em relação à expressão “Roberto”.

4. A expressão “Roberto” e “o Rei” constituem-se uma relação de hiperonímia, uma vez que a relação estabelecida é todo-parte.

  

Assinale a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS:


2, 3 e 4.


2 e 3.


3 e 4.


1, 2 e 3.


1 e 4.

A variação linguística acontece porque o princípio fundamental da língua é a comunicação, por isso é compreensível que seus falantes a reorganizem de acordo com suas necessidades comunicativas.

 

Para responder à questão, leia atentamente a letra da música “Samba do Arnesto”.

 

Samba do Arnesto – Adoniran Barbosa

 

O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás

Nós fumos não encontremos ninguém

Nós voltermos com uma baita de uma reiva

Da outra vez nós num vai mais

Nós não semos tatu!

No outro dia encontremo com o Arnesto

Que pediu desculpas mais nós não aceitemos*

Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa

Mas você devia ter ponhado um recado na porta

Um recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra esperá

Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,

Assinado em cruz porque não sei escrever.

 

Na letra da música de Adoniram Barbosa há um exemplo interessante de variação linguística. De acordo com a música, pode-se afirmar que:


O autor fez uso da variável faixa etária, uma vez que evidencia a fala de jovens e adolescentes.


O autor transportou para a modalidade escrita a variação linguística presente na modalidade oral.


O autor usando da licença poética fez uso da variável concordância nominal.


O autor privilegiou a variável sintática, pois desejou dar ênfase a determinadas palavras.


O autor fez uso da variável fonológica, que privilegia a fala da região de São Paulo.

A partir do que você estudou sobre as variáveis não linguísticas, analise a fala abaixo e assinale a alternativa correta:

 

“Quê prô? Fala que nem a gente, né? Isso deve ser usado pelo meu avô…”

 

A fala representa uma:


Variável faixa etária.


Variável situacional.


Variável classe social.


Variável regional.


Variável escolaridade.

Leia o trecho, a seguir, extraído da canção “Bala perdida”, de Gabriel o Pensador:

 

 

Bala perdida

             Gabriel o Pensador

Bom dia, mulher
Me beija, me abraça, me passa o café
E me deseja "Boa sorte"
Que seja o que Deus quiser
Porque eu tô indo pro trabalho com medo da morte
Nessas horas eu queria ter um carro-forte
Pra poder sair de casa de cabeça erguida
E não ser encontrado por uma bala perdida
Querida, eu sei que você me ama
Mas agora não reclama, eu tenho que ir
Não se esqueça de botar as crianças debaixo da cama na hora de dormir
Fica longe da janela e não abre essa porta, não importa o motivo
Por favor, meu amor, eu não quero encontrar você morta [...]

 

(Fonte: PENSADOR, Gabriel o. Bala perdida. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2018.)

 

Em relação às expressões “eu” e “você”, pode-se afirmar:

 

1.O pronome “eu” indica uma pessoa do discurso que participa do ato de fala; é quem fala no discurso.

2.O pronome “você” indica uma pessoa do discurso que participa do ato de fala; é a pessoa para quem se fala, no discurso.

3.O pronome “eu” indica uma pessoa do discurso que participa do ato de fala; é a pessoa para quem se fala no discurso.

4.O pronome “você” indica uma pessoa do discurso que participa do ato de fala; é quem fala no discurso.

5. Os pronomes “eu” e “você” não participam do ato de fala, pois são pessoas de quem se fala no discurso.

 

Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas:

 


1, 2, 3, 4, 5 
1 e 2
5, apenas
3, 4 e 5
3 e 4

Você estudou que a referência é um mecanismo de construção e progressão textual. Entretanto, para Marcuschi, no que diz respeito à progressão textual, considerada como uma questão de relações anafóricas em sentido amplo, ela refere-se à:

 


Indrodução, avaliação, continuidade e retomada de referentes textuais.
Localização, preservação, continuidade e retomada de referentes textuais.
Introdução, localização, continuidade e retomada de referentes textuais.
Constatação, preservação, continuidade e retomada de referentes textuais.
Introdução, preservação, continuidade e retomada de referentes textuais.

Leia atentamente o texto a seguir.

  

A língua-problema

 

Duas moças conversavam no ônibus:

- Tou com um “poblema”.

- Peraí, um “poblema” ou um “pobrema”?

- Não é a mesma coisa?

- Poblema é de matemática, ensinam na escola. Pobrema é em casa. O marido bebe, bate na gente...

Contaram-me isso como fato verídico, mas tem jeito de piada. Pouco importa. No diálogo, nada inverossímil, alguém verá o retrato tragicômico de uma população iletrada.

Pode ser. Mas não é tudo. Há algo de genial na cena. Perspicácia e sutileza se juntam, na contramão da gramática, para expressar fino discernimento. A segunda moça nos diz, a seu modo, que questões abstratas do mundo culto (poblemas) nada têm a ver com dramas cotidianos (pobremas). Exigem, portanto, palavras diferentes. Seria generalização grosseira colocar esses conceitos sob o mesmo guarda-chuva, a palavra oficial, “problema”.

A intimidade com a vida real revela nuances e, claro, estimula a diversidade semântica. Povos berberes, com sua imemorial convivência com o camelo, dão nomes distintos a cada pata do animal. É assim que funciona. Pouco importa se essa diversidade semântica, de início, se expresse por infrações à gramática. Deturpações e corruptelas com o tempo são assimiladas, se fizerem sentido.

Peraí, “poblema” ou “pobrema”? Eis a questão. Se aprendêssemos a perceber a diferença, talvez fôssemos mais felizes. Muito do que nos atormenta existe só no plano imaginário, como era, para os homens da Idade Média, a iminência do fim do mundo. Um mero poblema. Sem lastro no cotidiano. A diferença entre “poblema” e “pobrema” talvez seja um dia definida no Houaiss ou no Aurélio. Se e quando o vocabulário-raiz, “problema”, cair em desuso. Será lembrado em afetados textos jurídicos e na bula de pomada Minâncora. Pode acontecer. Menos provável será que os burocratas da língua desistam de unificar o português de gente de diferentes climas e fusos horários, nas mais diferentes situações. Reforma boa, mesmo, não é a ortográfica, mas a que começa no bairro. Pena que não prestem atenção no que as moças dizem. Esse é o “pobrema”.

 

(Fonte: MODERNELL, R. Revista Língua Portuguesa – Ano 4, no. 49, novembro de 2009, p. 53. Texto adaptado. Disponível em: Acesso em: 04 out. 2010).

 

O texto “A língua-problema” critica, de alguma maneira, a preocupação das autoridades em relação à normatização da língua, citando a Reforma Ortográfica e faz uma proposta. Assinale a alternativa que apresenta a proposta do autor e que aponta o papel da escola em relação ao tema relacionado à variedade linguística, tomando como base os estudos realizados.

 


O autor propõe que as escolas revejam o ensino da língua portuguesa, considerando o estudo das variantes linguísticas. O papel da escola é privilegiar a variedade da língua usada pelas pessoas ditas escolarizadas, uma vez que esta é a variante cobrada nas diversas situações comunicativas.
O autor propõe que os professores de língua portuguesa trabalhem em sala de aula a gramática teórica, que servirá de apoio para o aluno e que deve ser objeto de ensino nas atividades de sala de aula. O papel da escola é mostrar a importância do domínio da norma culta.
O autor propõe que as autoridades se preocupem mais com o ensino-aprendizagem de língua portuguesa, considerando o ensino da norma padrão. O papel da escola é privilegiar a norma culta, tendo em vista que esta irá garantir ao aluno a capacidade de lidar com as mais variadas situações comunicativas.
O autor propõe que as escolas trabalhem com os alunos em sala de aula sobre as variantes da palavra problema. O papel da escola é ensinar que a única forma aceitável de uso da língua é o da forma culta e que esta irá melhorar a situação do indivíduo.
O autor propõe que as autoridades se preocupem mais em olhar as reais necessidades do povo brasileiro do que em unificar o português de países diferentes. O papel da escola é mostrar ao aluno que, tanto a variante que ele trouxe de casa, quanto a variante culta estão certas, o que importa é usarmos adequadamente a língua portuguesa em diferentes situações, de acordo com o lugar e o público.
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